Os conceitos são fonte importante de conhecimento e auxiliam a compreender o tema de forma ampla. Assim, é necessário compreender algumas nomenclaturas utilizadas no estudo, mesmo que não se liguem diretamente aos direitos LGBTQIA+.
Diversidade de gênero refere-se às infinitas formas de vivência e expressão da sexualidade. Isso porque, parte-se do pressuposto de que a sexualidade humana é formada por uma cadeia de fatores biológicos, psicológicos e sociais, que envolve sexo biológico, orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero.
É o conjunto de informações biológicas, fruto da combinação de cinco fatores: o sexo genético (cromossômico), o sexo gonadal, genitália externa, genitália interna e características fisiológicas secundárias que distinguem “machos” e “fêmeas”. É, portanto, ligado às características fisiológicas da pessoa.
Há também pessoas que nascem com a combinação de ambos os sexos biológicos, sendo definidas como intersexo. Como o sexo biológico possui mais de uma determinante, pode-se afirmar que existem várias maneiras de ser intersexo. Essas pessoas eram denominadas “hermafroditas”. No entanto, esse termo é carregado de sentido pejorativo e estereotípico e não deve ser utilizado.
Comumente, conceitua-se gênero como a identificação com um dos marcadores sociais do sexo biológico. Para Judith Butler, gênero é uma construção social, que tem por base o discurso de adequação ao que se espera do sexo biológico. Isso porque, socialmente, é exigido do indivíduo que ele se identifique e se expresse de acordo com um arquétipo, uma ideia socialmente aceita do que é próprio do sexo biológico. Nas palavras da autora, exige-se a correspondência compulsória entre coerência total entre sexo, gênero e desejo/prática.
Quando uma criança nasce, é entregue a ela um conjunto de normas sociais. O que determina quais normas serão exigidas dela é o sexo biológico, com base no que a sociedade entende ser papel “masculino” e “feminino”. A esse conjunto de regras, determinações e conformações sociais dá-se o nome de gênero.
É a percepção íntima que cada indivíduo tem sobre si, sobre qual conjunto de regras se identifica, e como quer ser reconhecido. A identidade de gênero pode ser dividida em:
É a manifestação pública da identidade de gênero. Ela poderá ser expressa por meio dos signos relativos a um ou outro gênero, como o nome, a vestimenta, o corte de cabelos, entre outros marcadores de gênero existentes na sociedade. A luta do movimento LGBTQIA+, em especial das pessoas trans, é para que esses símbolos carregados de significado não sejam atribuídos de forma exclusiva a um ou outro gênero. São três as principais expressões de gênero:
Além de expressões artísticas, o movimento drag trouxe imensas contribuições para a luta pelo combate às imposições de expressão de gênero, por meio da brincadeira com os símbolos relacionados aos gêneros. Para saber mais sobre o movimento drag e sua importância, recomendamos o documentário “Paris is Burning”, disponível na Netflix, que conta o início do movimento drag nos anos 1980 em Nova York e o funcionamento dos bailes vogue que acolhiam inúmeras pessoas LGBTQIA+ em situação de pobreza na cidade.
É um conceito ligado à atração afetiva ou sexual de uma pessoa por outra. Ou seja, é por quem determinado indivíduo se sente atraído. Esse indivíduo pode ser atraído por Homens, Mulheres ou ambos os sexos. O termo é orientação, não opção, uma vez que se trata de uma condição humana que faz parte de sua própria essência, e não uma simples escolha de vida:
Alfred Kinsey foi um cientista americano estudioso da sexualidade humana, que criou, por meio de experiências sociais, uma escala para aferir o comportamento da sexualidade ao longo do tempo. A escala vai do zero ao 6, sendo que o zero representa a pessoa exclusivamente heterossexual, e o 6 a pessoa exclusivamente homossexual. Esse estudo escancarou o quão ultrapassada é a descrição em 3 categorias da sexualidade, uma vez que a expressão da sexualidade varia em espectros de preferência não comportados por elas.
O termo queer, em sua tradução literal do inglês, significa “estranho”, e já foi utilizado de forma pejorativa, para definir as pessoas LGBTQIA+. No entanto, foi ressignificado pela própria comunidade, e é amplamente utilizado para definir as pessoas que não se identificam com os padrões e definições impostos pela sociedade.
Essas pessoas podem transitar entre os gêneros e orientações sexuais, não se definindo por rótulos sociais. Muitas vezes se recusam a definir seu gênero, ou simplesmente não sabem em qual categoria se encaixam. Hoje, esse termo é empregado para demarcar socialmente uma luta política pela queda dos padrões sociais definidores de gênero e sexualidade.